O censo de 1960 nos fornece ainda dados quando às
principais características dos domicílios particulares, nos quais detalha itens
tais como o abastecimento de energia elétrica e a posse de aparelhos
eletrodomésticos como rádio, geladeira e televisão, entre outros.
Pode-se observar a proximidade
entre os índices de fornecimento de energia elétrica e o da existência de
aparelhos de rádios nos domicílios visitados - 38,54% do total com energia
elétrica e 35,38% do total com aparelhos de rádio. Do mesmo modo se pode perceber
que somente uma pequena parcela da população tinha acesso aos aparelhos de
televisão - 4,6% do total -, sendo que se passar para o quadro rural, o número
domicílios que possuíam de aparelhos de televisão é inexpressivo. A proximidade
entre os índices de energia elétrica e de aparelhos de rádio nos permite
afirmar que ocorreu um processo de popularização do rádio, fazendo dele quase
que uma presença obrigatória nos lares brasileiros, uma espécie de utensílio
indispensável. Os aparelhos de rádio dos anos 40 e 50 ainda eram relativamente
grandes, principalmente se comparados ao tamanho dos atuais, e necessitam de
energia elétrica ou de geradores para funcionarem - os aparelhos
transistorizados somente invadiram efetivamente o mercado nacional no final dos
anos 60. As próprias características físicas do aparelho de rádio faziam com
que ele ainda se mantivesse como um aparelho de escuta coletiva, o que permitia
uma possível troca de impressões entre aqueles que se reuniam em torno dele. É
importante chamar a atenção para o fato de que no período citado as famílias
brasileiras mantinham o hábito de se reunirem para jantar, ouvir o rádio e
conversarem sobre as notícias do dia.
Outro indicador da
popularização, ou até mesmo da banalização da presença do rádio nos grandes
centros urbanos, é o de que em uma pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de
Opinião Pública) de 1960, sobre o potencial efetivo dos mercados carioca e
paulista para as utilidades domésticas o rádio simplesmente foi excluído, foram
apuradas a existência de aparelhos de TV, colchões de mola, máquinas de lavar
roupa, refrigeradores, liquidificadores e enceradeiras, ou seja, como o rádio
já era presença constante nos lares brasileiros não servia como indicador de
renda. Da mesma forma que, ainda em 1960, o IBOPE realizou uma pesquisa sobre a
forma através da qual os habitantes de Belo Horizonte conheceram a loja Ducal e
no resultado 73% dos entrevistados responderam que tal conhecimento ocorreu
através dos anúncios de rádio, seguido de 18% que o fizeram através dos jornais
e 12% pela televisão.
O rádio chegava ao final dos anos 50 e início
dos 60, consolidado em sua posição de meio de comunicação de massa, como um
elemento fundamental na formação de hábitos na sociedade brasileira. Dos anos
30 aos 60, o rádio foi o meio através do qual as novidades tecnológicas, os
modismos culturais, as mudanças políticas, as informações e o entretenimento
chegavam ao mesmo tempo aos mais distantes lugares do país, permitindo uma
intensa troca entre a modernidade e a tradição. O rádio ajudou a criar novas
práticas culturais e de consumo por toda a sociedade brasileira.
Fonte:
COLA DA WEB. Década de 60.
Disponível em < http://www.coladaweb.com/cultura/decada-de-60> Acessado em 23 jun. 2012.
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