quarta-feira, 18 de julho de 2012

A cultura da década de 60

                    Neste período, pelo mundo todo, fervilhavam manifestações culturais novas. A partir dos poemas da Beat Genaration, dos grupos e cantores de Rock, a cultura pop emergente, somados ao apreço pela sociedade de consumo, do próprio consumismo e da reafirmação do American Way of Life, uma série de novas atitudes começa a pipocar. Gente jovem querendo sexo livre, pensando e agindo pelas minorias, usando drogas alucinógenas, pregando a paz e o amor em contraponto a guerra e pedindo por uma nova atitude da sociedade fundavam, sem pretensão, o que chamamos hoje de contracultura.

                    Foi nesse espírito que, a juventude entra a década aos poucos se politizando, se unindo, não a uma instituição pré-definida, mas a si mesmas. Grupos de jovens em escolas e universidades saiam às ruas pedindo o fim da guerra do vietnã. Em todo mundo era reconhecida a injustiça para com aquele povo. Injustiça essa que catalisou toda a insatisfação da época com sua forma de pensar agir e viver. Para aqueles jovens, o Sonho Americano era fracassado pois tomava a liberdade individual de cada um ao troco que oferecia um padrão de vida material elevado, bens de consumo infinitos, opções de escolha vasta nas prateleiras e aparelhos que facilitavam a vida de qualquer um a apenas um apertar de botões.

                    Este era o modelo de homem que Marcuse, autor que fez a cabeça dos jovens da época, chamava de “Homem Uminidirecional”, título de uma de suas principais obras. Exatamente esta obra fazia a discussão acerca de uma sociedade autoritária que, ao mesmo tempo que subordina, subsidia, mantendo todos os indivíduos em ordem de obediência. Contestar o sistema era contestar ao progresso, ou seja, um ato incoerente. 

                    No auge desta agitação, surgem os grandes festivais de musica como o de Woodstock, celebrando todos estes pensamentos e ideologias. Surge a cultura Underground, contestando o modo de vida estabelecido. Surgem também os Hippies, condensando o modo de vida da contratultura. A Nova Esquerda, repensando as bases sociais dos dois grandes blocos. Os Yippies e o Youth International Party, politizando a atitude Hippie e colocando-os em ordem de batalha contra tudo o que havia de errado na sociedade. 

                    No Brasil, além de toda a profusão de pensamentos que ocorria no exterior e inevitavelmente passaria por aqui, tínhamos a recém Ditadura implantada. Isso direcionou a pouca juventude engajada a lutar pelos ideais de um mundo melhor por aqui também, o que significava enfrentar uma ditadura inconseqüente muitas vezes até a morte. 

                     A cultura no Brasil, ao contrário do que pareça, não foi de imediato controlada pelo Estado. O mais curioso ainda é que, quem mais expressava a cultura e seus agitos era justamente a esquerda, através de órgãos como o CPC da Une por exemplo. De lá, surgiu a maioria dos polêmicos artistas de protesto da época. Enquanto os gritos de guerra eram cantados ou interpretados nos palcos, os militares rangiam os dentes de ódio, tramando os planos que endureceriam de vez o regime por anos.

                     Pelo meio da década, uma expressão cultural começou a pipocar dentre os jovens dentro do regime militar. O movimento chamado de Jovem Guarda apresentava a nova leva de artistas de grande visibilidade que, com um apelo conivente com o sistema, tomavam a atenção da população com temas românticos, engraçados e até de uma branda rebeldia juvenil. Este movimento foi execrado pela cultura engajada que, agora passava cada vez mais ao submundo, perdendo seu espaço nas massas e assim, seu poder de atuação.


                      Ao final da década um importante movimento surge flertando com as duas antagônicas vertentes. O Tropicalismo, como assim foi chamado, tanto flertava com a cultura de massa como, intelectualmente, inseria sua carga de contestação a tudo o que estava estabelecido. Sua maior virtude foi fazer, assim como o movimento antropofágico da década de 20 e a bossa nova da década anterior, uma fusão inteligente e altamente criativa dos elementos nacionais com as correntes internacionais, tanto artísticas quanto filosóficas, ganhando os palcos do mundo todo e colocando a arte brasileira novamente em evidência.

Fonte:  Broto Design ou brotodesign.blogspot.com

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